Na política, constantemente, estamos a observar fatos que já não nos impressionam tanto, mas que continuam a desmotivar o envolvimento a confiança nos caminhos que ela oferece.
A quebra do frágil cristal da confiança, aquela que depositamos através de nosso voto, por tantas vezes, faz o descontentamento tomar conta e afetar nossas atitudes. A decepção, para muitos, é grande diante dos acontecimentos locais e não locais – exemplos: o voto do super salário para nossos futuros legisladores ou os escândalos das ONGs a nível país – no último episódio local confesso que a decepção já havia ocorrido na votação da Lei Orgânica, já em nível federal o que mais me decepciona é a sensação de impunidade, já que, pessoas ruins sempre existirão em qualquer meio, bastam ocasiões para que elas se apresentem, o problema é não serem punidas. Mas, voltemos a reflexão inicial, a desmotivação e confiança nos caminhos da política, mesmo os acontecimentos sendo rotineiros eles continuam a causar desânimo e a sensação ruim de impotência. Os conflitos nas reflexões em torno do porquê está assim e de como mudar estão presentes. No último acontecimento – aumento de 130 % dos salários - pode-se observar nas manifestações que o normal é a sociedade se eximir de culpa, sem reflexões em torno de: O que fizemos para ser diferente? ou: Qual a nossa parcela de culpa no quadro atual? Observando isso minhas reflexões se voltaram a agulhar o eleitor a fim de lembrá-lo que a culpa maior é dele. Ele devia se envolver, assumir responsabilidades, afinal de que adianta ter bons candidatos se os que ganham, na maior parte, não são esses. Os mais votados, normalmente, são os que usam o marketing da ridicularidade, os que fazem mais favores ou os que fazem a política assistencialista. Sendo assim se a escolha do eleitor se pauta nestes comportamentos como esperar algo diferente no exercício de seus mandatos? Afinal, o que os elegeu não foi qualidade de ideias, de postura ou de compromisso com o seu dever e se antes isso não foi necessário porque há de ser depois. Portanto, manter a postura de favores, assistencialismo ou de marketing através de demagogia e hipocrisia é totalmente previsível.
Mas, espera ai, o eleitor joga a culpa nos políticos, os bons políticos jogam a culpa nos eleitores, e enquanto isso, na maioria, os sem noção, os corruptos, e demais reprováveis fazem a festa e tomam conta do rumo da administração e das aplicações de aproximadamente 40% do que ganhamos com nosso suor, isso tá errado. Jogando pra lá e pra cá, não sai do lugar. Sendo assim, ainda em tempo coloco: quem participa da política ativamente em agremiações ou grupos sociais tem um dever maior do que quem não participa, afinal informação vem acompanhada de responsabilidade e sendo assim precisamos refletir de como um partido político cumpre o dever de contribuir para a melhora do quadro político. O partido político não pode ser um mero detalhe legal. E não basta apenas filtrar os nomes a disputar eleição (Pena que nem isso vem acontecendo). Ele deve lutar para que o momento da eleição não seja pautado apenas em perfis pessoais onde os postulantes ao cargo buscam angariar votos simplesmente exprimindo o melhor de sua biografia e diversas promessas sem nenhum apontamento de como as viabilizará. Não dá pra ser assim, pois isso faz com que os eleitores vejam o candidato como um salvador milagroso, e claro que a maioria se apresenta dessa maneira e sabemos que não é assim. O quadro atual aponta para a individualidade e raramente programas partidários são considerados relevantes na escolha dos candidatos pelos eleitores, porque do jeito que está não são relevantes mesmo, logo também os programas não são utilizados após o pleito. Será que ao invés de cobrarmos e votarmos em indivíduos se passarmos a cobrar e votar em programas a coisa não mude?
Logo, concluo: O eleitor tem um grande dever e grande responsabilidade, os políticos de bastidores e os que dão a cara a tapa, mas não ganham, uma responsabilidade ainda maior, afinal o que estes estão construindo para mudar a maneira de fazer política a não ser apenas seguir as velhas formas. Como já disse Gabriel Chalita: “Os professores insistem em dizer que os alunos não são como antigamente, mas insistem em querer ensinar como antigamente.” Penso que o mesmo se aplica a democracia, se não mudar o jeito de fazer política o jeito de votar também não mudará.